Futuro de Rocha no governo vira ponto de tensão entre partidos
Tucanos e emedebistas se questionam sobre pretensões do deputado estadual licenciado, hoje secretário em cargo estratégico.

Desde que Eduardo Rocha, deputado estadual licenciado do MDB deixou de lado o mandato para assumir a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, uma das mais prestigiadas Pastas da gestão de Reinaldo Azambuja, do PSDB, abriu-se, embora sem grandes ruídos, uma crise política abarcando alguns mandachuvas das duas legendas no Estado.
Contudo, os eventuais conflitos perderam a força nesta semana graças a chamada federação partidária, nova regra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode juntar os dois partidos em uma mesma chapa nas eleições de outubro.
A rixa teria surgido porque o deputado licenciado assumiu a secretaria para tratar das articulações políticas do governo no início de dezembro passado, justo em um período que Azambuja estava imerso em rotina de entrega de obras e visitas a cidades do interior de Mato Grosso do Sul.
E em todas as solenidades, Rocha aparecia ao lado do governador e, ou seja, daí degringolou uma ciumeira.
O Veículo de comunicação TOPS DO MS NEWS foi atrás dos dirigentes das siglas em questão, mas nenhum quis tratar o assunto de forma aberta, e as lideranças que toparam falar não autorizaram a publicação de nomes.
Um dos ouvidos, tucano, afirmou que a atitude do governador em nomear um emedebista seria temerária.
“Ele [Rocha] se aproximou muito do governador e, lá na frente, poderia pedir exoneração e dizer que estaria brigando pela reeleição”, afirmou a fonte, que disse acreditar que o parlamentar licenciado poderia se aproveitar da influência do governador e transformar isso em votos.
Eduardo Rocha, se quiser concorrer à reeleição, o terceiro mandato, no caso, teria de se afastar da secretaria até o dia 2 abril.
Na semana passada, na solenidade que Azambuja anunciou aumento aos professores, a reportagem conversou com Eduardo Rocha, também presente no evento.
Ele não comentou a questão da suposta ciumeira que teria provocado, mas garantiu que as chances de concorrer à reeleição é mínima.
“Eu diria que a probabilidade de disputar a reeleição é de 1%, apenas isso”, assegurou ao Correio do Estado.
Rocha também foi questionado se o governador liberá-lo em abril para a eleição, o que ele decidiria. “Eu pularia lá dentro”, respondeu o secretário, com sorrisos.
Quer dizer: Eduardo Rocha retornaria para a Assembleia Legislativa e, com certeza, tentaria conquistar o seu terceiro mandato.
Ao aceitar o convite para ir para a secretaria, o mandato de Rocha ficou com o também emedebista Paulo Duarte, ex-prefeito de Corumbá.
DO LADO DE LÁ
Outro político ouvido, este do MDB, disse que antes de se licenciar da Assembleia Legislativa, Eduardo Rocha procurou a direção regional do partido e conversou com os principais caciques da sigla, um deles o ex-governador do Estado André Puccinelli.
“Ele avisou que estava deixando de ser deputado por ter aceitado o convite do governador. Fez a coisa certa. Agora, nada o impediria de ele buscar a reeleição. O Eduardo é político e, na política, algumas coisas são imprevisíveis. Pela manhã acontece uma coisa que pode ser desmanchada à noite”, afirmou o dirigente partidário.
CHÁ DE CAMOMILA
Os ânimos acerca da ciumeira dos secretários foram acalmados com a possibilidade de o PSDB se juntar ao MDB e ao União Brasil nas eleições de outubro deste ano.
A briga agora é outra. As três siglas já disseram que têm pré-candidatos certos e que não abrem mão de seus nomes, como a deputada federal Rose Modesto (União Brasil), o ex-governador André Puccinelli (MDB) e o tucano Eduardo Riedel (secretário de Infraestrutura do Estado).
Pela chamada federação partidária, as três legendas devem decidir qual será o candidato ao governo. Na prática, os votos das siglas se juntam e canalizam na candidatura escolhida.
Se Riedel for a opção do grupo para encabeçar a chapa para o Executivo estadual e Eduardo Rocha for candidato à reeleição, o apoio dele em outubro, se acertada a federação, iria para o tucano sem o menor problema.
SAIBA
Eduardo Rocha é marido da senadora em último ano de mandato e pré-candidata à Presidente Simone Tebet (MDB) e tem laço íntimo com o partido em que ambos cresceram politicamente.
Em sua primeira disputa eleitoral por vaga na Assembleia Legislativa, conseguiu uma das 24 cadeiras da Casa parlamentar, onde até pouco tempo exerceu mandato – só saiu para assumir posto importante no governo de Reinaldo Azambuja.