O Governador Eduardo Riedel de Mato Grosso do Sul negocia novo empréstimo de R$ 2 bilhões com o BNDES.

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O Governador Eduardo Riedel de Mato Grosso do Sul negocia novo empréstimo de R$ 2 bilhões com o BNDES.

O governo de Mato Grosso do Sul se prepara para buscar mais um empréstimo bilionário, desta vez de R$ 2 bilhões, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições financeiras, com a finalidade de reforçar o caixa estadual para custeio da máquina pública e obras de infraestrutura.

O movimento acontece em um momento delicado, marcado pelo anúncio de corte de 25% nas despesas de custeio da administração e pelo desembarque oficial do Partido dos Trabalhadores (PT) da base governista.

Apesar da ruptura política, o PT sul-mato-grossense garantiu que não deixará de apoiar as demandas do Estado com o governo federal.

O deputado federal Vander Loubet, presidente regional da sigla, revelou com exclusividade ao jornal TOPS DO MS NEWS que a interlocução com Brasília continuará sendo prioridade.

“Temos compromisso com Mato Grosso do Sul e, independentemente das diferenças políticas, a deputada federal Camila Jara, eu e nossos deputados estaduais vamos seguir trabalhando para que os investimentos do governo do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva – que já são vultosos aqui – continuem chegando e apoiando nosso estado e os nossos 79 municípios”, destacou.

De acordo com o deputado, além dos projetos cadastrados no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o governador Eduardo Riedel (PP) já sinalizou interesse em buscar novas linhas de crédito, que somam mais de R$ 2 bilhões. O parlamentar enfatizou que, sem articulação política, o processo de liberação pode se tornar inviável.

“O cobertor é sempre curto no Orçamento federal, e nós disputamos esse cobertor com o Distrito Federal e os demais 25 estados. A mesma coisa é dentro do [Novo] PAC, então, se não houver uma unidade e um esforço conjunto entre nós, esse trabalho acaba sendo mais difícil e com menos chances de êxito. E esses mais de R$ 2 bilhões são importantes e estratégicos para que Mato Grosso do Sul mantenha seu ritmo de crescimento e desenvolvimento. Então, esse é o tipo de coisa que é importante discutir e acertar com o governador, principalmente agora, com esse desembarque do PT”, disse Loubet.

CRISE FISCAL
O anúncio de que o governo pretende recorrer a mais um empréstimo ocorreu logo após Riedel reconhecer dificuldades fiscais. O governador explicou as razões do corte de 25% nas despesas de custeio, medida noticiada pelo Correio do Estado na edição do dia 5 de agosto.

“Já começaram [os cortes de gastos]. O que está acontecendo? O volume de gás importado da Bolívia sempre gerou uma arrecadação importante para o Estado e diminuiu bastante nos últimos dois anos. E foi preciso adotar essa medida de contenção de gasto para a gente poder preservar investimento. Assim, ninguém fica preocupado com o recurso do atendimento das ações básicas, de investimento, porque isso é prioridade para a gente”, afirmou o governador em entrevista a uma rede de TV local.

“Agora, nós vamos passar o pente-fino, lupa nas despesas para fazer essa redução. A gente tem buscado o caminho da redução de gasto num momento difícil”, completou.

O corte, segundo a gestão estadual, é uma tentativa de manter o equilíbrio nas contas em meio à queda de receitas, especialmente pela redução na arrecadação com o gás boliviano, uma das principais fontes de receita nos últimos anos.

O aspecto político se soma ao econômico no momento em que o governo estadual precisa do aval do Palácio do Planalto para garantir as operações de crédito. Apesar da saída, tanto o Executivo estadual quanto o PT falam em manutenção da parceria institucional.

Isso porque a viabilização do empréstimo de R$ 2 bilhões depende, em grande medida, do trânsito político do partido no governo federal, que controla os principais mecanismos de liberação de crédito, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal.

Não é a primeira vez que Mato Grosso do Sul recorre a empréstimos bilionários no último ano. Em setembro do ano passado, o governo assinou contrato de financiamento de R$ 2,3 bilhões com o BNDES para melhorar 818 quilômetros de rodovias.

Agora, porém, o novo pedido chama atenção pelo fato de parte significativa do montante ser direcionada ao custeio da administração, uma prática considerada mais arriscada do ponto de vista fiscal, pois significa usar recursos de dívida para pagar despesas correntes.

DESEMBARQUE
O desembarque do PT, que ocupava cargos estratégicos na administração, foi anunciado na semana passada, mas Riedel disse ter tomado conhecimento da decisão pela imprensa.

“Eu estava em viagem quando eu vi pela imprensa toda essa notícia. Eu não fui procurado ainda. Cheguei no sábado e cumpri uma agenda extensa desde segunda-feira. O PT vai pedir uma agenda para a gente conversar. Tudo bem. Agora, eles é que definiram a saída da base do governo. Eu acredito que é normal esse tipo de situação. Mas vou recebê-los, conversar, entender um pouquinho quais são todas essas motivações”, declarou o governador.

No entanto, o presidente estadual do partido revelou que, no dia em que foi anunciada a saída da sigla da atual gestão estadual, solicitou uma agenda ao secretário de Estado da Casa Civil, Eduardo Rocha.

“No mesmo dia, já foi solicitada uma agenda com o Riedel para tratar do tema quando ele retornasse da missão oficial à Ásia. Procurei o secretário Eduardo Rocha e pedi que ele organizasse essa reunião para oficializarmos essa saída e a entrega dos cargos”, garantiu Vander Loubet.

Assessoria de Imprensa do TOPS DO MS NEWS.