Para fiscal, aumento de tarifa é solução para melhorar o transporte público de Campo Grande-MS.

Durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Consórcio Guaicurus, nesta segunda-feira (11), o fiscal de transporte e trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Luiz Carlos Alencar Filho, afirmou que para ter uma melhor qualidade no transporte, o que falta é uma maior remuneração.
“Eu não posso atender com 500 carros porque eu não tenho dinheiro para comprar esse carro. A qualidade vem de acordo com o que você paga. Você não pode reclamar da água se não tem um problema de qualidade, ou da coleta de lixo. Mas existe um preço a pagar. Você quer colocar mais carros, mas quanto isso vai custar no município? Seria o ideal, mas com a nossa arrecadação, a gente não consegue manter um serviço de 500 carros”.
Alencar ressaltou que esse não é um problema que ocorre apenas em Campo Grande e disse que, em determinado momento, o transporte público da cidade precisará de recursos federais, estaduais e municipais.
“Na última pesquisa que eu fiz, em Curitiba, o custo por pessoa é R$ 12,99, a tarifa vai para R$ 6, mas eles compram dentro dessa tarifa. Então, a questão do transporte coletivo aqui, em qualquer parte do Brasil é remuneração do serviço. Você remunerando ele pra prestar, se tem passageiro ou não, eu quero aquilo, eu pago por aquilo”.
Campo Grande ocupa a 10ª posição no ranking de tarifas mais caras entre as capitais brasileiras em 2025, com o valor de R$4,95. O aumento de 4,21% se deu em janeiro de 2025, determinado pela Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande).
Na época, o diretor-presidente da Agência, José Mário Antunes, justificou o aumento da tarifa como uma medida judicial para a compra de novos veículos. Mesmo com o reajuste, a gratuidade das passagens a estudantes, idosos e pessoas com deficiência não foi afetada.
O valor da tarifa em Campo Grande é composto de cinco índices: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice de aumento do salário dos motoristas, o preço do diesel e o índice de passageiros equivalentes por quilômetro.
Frota
Atualmente, o Consórcio Guaicurus conta com uma frota de 460 ônibus em operação na cidade, um número 24,7% menor que no início do contrato em 2012, quando haviam 574 carros em operação. Desses, 400 transitam pela cidade e 60 ficam na garagem como reservas, a serem utilizados caso haja necessidade de substituição.
Segundo o relatório da Agereg, 300 ônibus estariam totalmente defasados. Porém, na CPI de hoje, Luiz Carlos alegou que seriam somente 197 ônibus que precisam de manutenção.
Alencar explicou que estes 197 ônibus estão dentro de uma previsão de tempo de uso informada em contrato, que diz que, após o início da operação, os ônibus deveriam operar no máximo até 10 anos e, para os articulados, no máximo 15 anos.
No entanto, conforme o relatório apresentado na CPI no dia 6 de maio, 71 ônibus estão abaixo dos dois anos de uso, outros 50 de quatro a seis anos, 20 com sete anos e 11 com oito anos de uso.
A grande maioria dos ônibus (300), conforme a Agereg, está operando acima do limite prudencial de uso, tendo, em média, de 8 a 10 anos de uso, podendo ter dentro desse quantitativo veículos que ultrapassem uma década de circulação.
Com base no levantamento apresentado, José Mário Antunes da Silva informou que encaminhou esse relatório para o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) e notificou o Consórcio Guaicurus sobre a necessidade de renovação da frota. Caso isso não seja cumprido, poderá resultar em multa para a empresa que gerencia o transporte coletivo de Campo Grande.
Assessoria de Imprensa do TOPS DO MS NEWS.