Sem luz e com perdas na produção, famílias da Agrovila Campão Orgânico pedem regularização e dignidade.

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Sem luz e com perdas na produção, famílias da Agrovila Campão Orgânico pedem regularização e dignidade.

O entardecer na Agrovila Campão Orgânico, em Campo Grande, chega com um desafio a mais para dezenas de famílias: a escuridão. Sem energia elétrica há mais de 20 dias, moradores improvisam como podem para manter o sustento e a sobrevivência no local.
 
“Estamos sem energia, as famílias estão se virando como podem. Alguns têm placa solar, mas nem sempre funciona. E essa é a nossa realidade. A luta continua”, relata a agricultora Emília Diniz, uma das lideranças da ocupação.A Agrovila, formada por 215 famílias, vive da produção agroecológica de mandioca, hortaliças e criação de pequenos animais em uma área produtiva que abastece mercados e vizinhanças próximas. A falta de energia elétrica, no entanto, trouxe prejuízos graves.

“Perdemos toda a produção e até alguns animais. Aqui é o nosso ganha-pão. O que queremos é regularizar a área para continuar trabalhando e criando nossos filhos com dignidade”, contou Emília.

Outra moradora reforçou o apelo. “A gente precisa de uma regularização para dar conforto melhor para essas famílias. Não estamos pedindo muito, só o mínimo, que é água e luz digna para sobreviver aqui dentro da Agrovila”, disse Dona Célia, moradora antiga da comunidade.
VULNERABILIDADE
Segundo a Associação das Mulheres das Favelas de Mato Grosso do Sul, Campo Grande possui hoje 62 favelas e ocupações urbanas, onde vivem cerca de 40 mil pessoas sem escritura, saneamento ou infraestrutura básica. A entidade destaca que “favela não é só barraco de lona, mas todo lugar onde falta o básico para viver com dignidade”, o que inclui comunidades produtivas como a Agrovila Campão Orgânico.

Para o vereador Landmark Rios (PT), autor da Audiência Pública de Regularização das Favelas (marcada para o dia 14 de novembro, às 8h, na Câmara Municipal), a situação da Agrovila é um retrato da omissão do poder público e da força das famílias que resistem.

“Essas famílias produzem alimento, geram renda e fazem o que o poder público devia fazer: trabalhar pela cidade. O que falta aqui é estrutura, não vontade. A regularização é um passo para garantir dignidade, segurança e futuro para quem vive da terra”, afirmou o parlamentar.

A audiência contará com representantes da União, do Governo do Estado e da Prefeitura de Campo Grande, além de movimentos sociais, lideranças comunitárias e entidades ligadas à habitação e à agricultura familiar.

A deputada estadual Gleice Jane (PT), parceira do mandato na pauta da regularização, também visitou a comunidade e ressaltou o potencial da Agrovila como espaço de produção de alimentos saudáveis e sustentáveis.

“Eu gostei muito dessa experiência de ter terras, territórios de plantação, de produtos agroecológicos, muito próximos da cidade e um modelo diferente de moradia, de produção de trabalho. São territórios com terrenos que permitem plantar vários produtos como mandioca, hortas, criação de animais. As pessoas estão desenvolvendo esse trabalho já nessas regiões e o poder público pode regulamentar isso e garantir a essas famílias condições de sobrevivência e mais do que isso, ter um trabalho e atender aqui a população”, afirmou a parlamentar.

Assessoria de Imprensa do TOPS DO MS NEWS.